Editora Arwen

Resenha - Cat: meu amigo psicopata

quinta-feira, setembro 01, 2016

Título: Cat: meu amigo psicopata
Autor: Malu Ghiraldeli
Editora: Arwen
Edição: 
Ano: 2016
Idioma: Português
Páginas: 440
Classificação: 4/5 ♥
Sinopse: Um estudante de psicologia, um estudante de medicina, uma garota albina, e um psicopata. Ou talvez uma gangue deles. Logan Davis sabia que aquilo não ia dar certo, sempre soube, mas como ele mesmo diz: a carne é fraca. Então quando o jovem estudante de medicina William Miller pede sua ajuda para um projeto no mínimo impossível, ele acaba aceitando, e ambos agora são responsáveis pelo psicopata mais perigoso da cidade. O propósito? Fazê-lo se apaixonar, valendo o diploma do jovem médico e uma vaga preciosa em um famoso hospital. Uma experiência que vai acabar trazendo de volta velhos inimigos, criando novos deles, derramando um pouquinho de sangue e virando suas vidas de cabeça para baixo. 



RESENHA

Logan Davis e William Miller estudantes de uma universidade renomada, prestes a concluírem o curso de medicina tentam vaga em um dos hospitais de psiquiatria mais importante do país.
A vaga é concorrida, muitos querem esse lugar, por isso o projeto apresentado para o TCC (trabalho de conclusão de curso) é extremamente ousado. William quer provar que consegue fazer um psicopata amar, mas como?

Nota: Psicopatia ou sociopatia Ã© a designação atribuída para um indivíduo com um padrão comportamental e/ou traço de personalidade, caracterizada em parte por um comportamento antissocial, diminuição da capacidade de empatia/remorso e baixo controle comportamental ou, por outro, pela pertença de uma atitude de dominância desmedida. Esse tipo de comportamento agonista é relacionado com a ocorrência de delinquência, crime, falta de remorso e dominância, mas também é associado com competência social e liderança. A psicopatia, descrita como um padrão de alta ocorrência de comportamentos violentos e manipulatórios, é frequentemente considerada uma expressão patológica da agressão instrumental, além da falta de remorso e de empatia. A psicopatia está diretamente relacionada com o Transtorno de Personalidade Antissocial, contudo estas condições não são sinônimas, uma vez que este é uma classificação médica e a psicopatia é uma classificação de um padrão comportamental científico. Ou seja, alguém pode ser classificado como sendo portador de Transtorno de Personalidade Antissocial sem atender aos critérios para ser classificado como psicopata. (Wikipédia).

O projeto não é aprovado pelos jurados da bancada avaliadora da universidade, mas isso não parece ser um obstáculo para Will, ele quer arriscar e provar que sua tese está correta.
Logan é estudante de psicologia da mesma universidade onde Will estuda, na pratica as duas alas psicologia x psiquiatria são rivais, mesmo não indo com a cara um do outro Will pede ajuda para Davis para realizar esse projeto, visto que se for bem-sucedido ambos serão beneficiados com uma vaga e um enorme salário e prestígio já no início de carreira.

Mesmo com a negativa de avance do projeto pelos coordenadores da universidade, Will consegue junto aos advogados de seu pai (um homem rico e poderoso) uma liminar para seguir adiante, ele escolhe sua cobaia. Seu escolhido é Elijah Cartes, um dos criminosos mais procurados do estado por matar pessoas a sangue frio, a escolha de Will não foi por acaso, além de ser um psicopata perigoso, Carter é formado em medicina, isso será muito útil ao projeto de Will.

Logan e Will passam a viver com Cat (Apelido de Carter, o psicopata) colocando suas vidas em risco, a princípio tudo transcorre normalmente, Cat inclusive mostra-se muito carismático, simpático e agradável, já em outros momentos é extremamente fechado, antissocial e indecifrável. O pensamento que surge é inevitável, ele só pode estar planejando algo, e isso não é bom.

Megan é outra participante do projeto de Will e se oferece para conquistar o coração de Cat, como é formada em psiquiatria ela acredita que será capaz de se aproximar dele e, posteriormente, conseguir lidar com a ideia de ter um psicopata interessado nela. 

Tudo parece estar saindo perfeitamente como planejado, até a chegada de Amy, ela é amiga de Logan e foge de casa por estar cansada da proteção de seus pais, então aparece na casa onde estão vivendo Logan e todo pessoal envolvido no projeto do psicopata. O encontro de Amy e Cat não é nada amigável, mas pouco a pouco o plano começa a sair do lugar, Cat fica interessado em Amy, no início ela não sabe nada sobre o projeto e nem quem ele é, mas depois sua identidade é revelada. O que qualquer pessoa normal faria nesse caso seria afastar-se, mas isso não acontece com Amy. Você assim como eu deve perguntar-se por qual motivo, a única conclusão que pude chegar é que Amy estava à procura de perigo, talvez pela criação sufocante e superprotetora que teve, perigo era a novidade e
Inconscientemente isso a atraia para Cat, e a chave da história é que Cat também sentia-se atraído por Amy pelo mesmo motivo, ambos atraem-se pelo perigo, e para Cat saber que Emy não fugiu dele ou qualquer coisa do tipo, mesmo após saber sua real identidade o deixou extremamente curioso.  
O projeto é concluído e declarado um sucesso, psicopatas são capazes de ter sentimentos, mas tudo é uma bomba constante que poderá explodir a qualquer momento, por serem quem são, nada é constate e seu comportamento pode sair de controle a qualquer momento, em relacionamentos tendem a serem abusivos, transformando seus companheiros em propriedade, acreditando que são seu objeto e podem fazer o que quiserem. Aqui poderia fazer uma alusão a dois personagens muito famosos e que são o sucesso do momento: Coringa e Arlequina do filme Esquadrão Suicida. Coringa um típico psicopata que ultrapassa a vilania mostrando-se também desequilibrado emocionalmente e com picos psicóticos visíveis, Arlequina por sua vez torna-se seu objeto, onde em sua cabeça ele faz o que quiser. Um relacionamento abusivo.

A autora a partir desse ideal tenta deixar claro a importância da confiança em um relacionamento seja ele qual for. Mas sinceramente, você confiaria em um psicopata? Além disso temos várias reflexões não apenas da abordagem do tema psicopatia de maneira entretida, já que em momentos o leitor é capaz de simpatizar com a "quadrilha" de psicopatas que aparecem na trama, eles não são mortais todo tempo e muito menos agressivos, ao contrário, são envolventes, carismáticos, afetuosos, muito inteligentes, etc. Vivem em qualquer lugar, em qualquer parte, estão perto de mim e de você, o mais assustador? Nem desconfiamos na maioria das vezes, podem estar no trabalho, na escola, ser um amigo, um conhecido, um vizinho, enfim.

A autora teve uma ótima sacada na criação da história com roteiro interessante, abordando temas sérios e pesados com toque leve e envolvente. Achei incrível a maneira com que nos faz perceber como somos frágeis como seres humanos, e ao mesmo tempo perigosos, da reflexão deixada acerca de nossos limites e atitudes, e principalmente, do quão estamos dispostos a confiar. 

É assustador mesmo sendo uma ficção simpatizarmos com psicopatas, e vermos o quão interessante são essas pessoas, saber que por mais inteligente que você seja, eles sempre estarão um passo à sua frente.

Saindo da ficção e entrando na realidade temos um caso REAL e extremamente aflitivo muito divulgado na mídia de um psicopata extremo, o famoso: Maníaco do Parque, você lembra? (Se não, basta dar um Google). Tem todos os traços, afinal o cara abordava jovens na rua, as convencia de ir com ele, assim sem mais nem menos, para isso a pessoa tem que ter muita lábia, né gente, transparecer muita confiança, ser muito gentil, etc. Depois, quando chegavam ao local que ele queria, ele violentava suas vítimas e as matava com requintes de crueldade. Não foi uma nem duas, foram várias mortes cometidas por esse maníaco. E pasmem, queridos leitores, pesquisando um pouco sobre esse caso, me deparei com informações de que mulheres do Brasil inteiro lhe mandavam cartas de amor e pediam encontros com ele, muitas inclusive o pediam em casamento, isso quando ele já estava preso, e o caso tinha sido divulgado pela mídia massivamente. Então entra o contraponto que fiz antes desse parágrafo, sobre a reflexão envolta do ser humano. Da inteligência desse psicopata intitulado “Maníaco do parque” quando em uma entrevista o apresentador Marcelo Rezende lhe pergunta o que ele sentiria algum dia ele tivesse uma filha e alguém fizesse com ela o que ele fez com as mulheres que matou, e ele prontamente com o sangue frio lhe responde com outra pergunta que desconcerta o entrevistador: E se eu fosse seu filho?  Como podem ver, nem toda ficção está tão longe da realidade.

Com um texto bem desenvolvido, uma narrativa atraente e “fácil” os passos dos personagens tornam-se aventuras que prendem e surpreendem o leitor. Além da mensagem deixada nas entrelinhas tornam o livro Cat, meu amigo psicopata um misto de prazer (na leitura, enredo, personagens, trama) com um quê de reflexão (sobre humanidade, atitudes, escolhas, consequências, porquês e motivos). 







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